Portugueses estão a relaxar o confinamento , e isso é perigoso

23-04-2020

Os portugueses têm cumprido de forma geral as regras de confinamento social devido à pandemia da Covid-19, contudo, o último fim-de-semana, de 18 e 19 de Abril, foi aquele em que um menor número de pessoas permaneceu em casa desde que foi declarado o estado de emergência nacional, segundo os dados divulgados pela consultora PSE e citados pelo 'Público'.

A percentagem de pessoas que permaneceram em casa durante o fim-de-semana em questão foi de 63,9%, um número 17,7% «inferior ao verificado no fim-de-semana anterior à declaração do estado de emergência», indica a consultora, que tem analisado a mobilidade de 3670 pessoas através de uma aplicação móvel, que, segundo os responsáveis, representa a população portuguesa.

«A tendência é de um evidente relaxamento dos portugueses, ainda que ligeiro, em relação à recomendação de confinamento», defende a PSE, sublinhando contudo que «Ainda é cedo para tirarmos conclusões, mas a tendência dos últimos dias é no sentido do decrescente confinamento», afirma o coordenador do projecto, Nuno Santos.

Para além disso, também no início dessa semana, a 20 de Abril, Portugal registou a menor percentagem de pessoas em confinamento social de todas as segundas-feiras, com apenas 58% das pessoas em casa.

Contudo, Nuno Santos explica que apesar deste ter sido o fim de semana com menos pessoas em casa, não foram os dias em que se registou a menor percentagem. «Os valores de confinamento em casa ao fim-de-semana são sempre superiores ao que acontece nos dias de semana».

Os valores mais baixos de isolamento desde que o país está em estado de emergência, a 19 de Março, foram registados a 8 de Abril (uma quarta-feira, com 54% das pessoas monitorizadas em casa) e no dia 17 de Abril (sexta-feira, com 51% das pessoas em casa), segundo o responsável.

Por outro lado, foi no domingo de Páscoa que se verificou a maior percentagem de pessoas em confinamento, cerca de 79%, ainda que o valor tenha diminuído nos dias seguintes para 56%, um dos mais baixos, mantendo a tendência decrescente na quinta e na sexta-feira.

«Antes da pandemia, em média, cerca de 25% dos portugueses ficavam em casa com um confinamento 'natural', mas o que estamos a ver agora é um confinamento adicional. O confinamento de quem habitualmente tem necessidade de mobilidade», afirma Nuno Santos.

Registou-se também um aumento da mobilidade

Os níveis de mobilidade são outra das variáveis estudadas. No domingo de Páscoa, apenas 7% das pessoas analisadas registaram uma mobilidade de médio ou longo curso (de dez a mais de 20 quilómetros por dia). Neste último domingo, a percentagem aumentou para 19%, segundo dados do "índice de risco de mobilidade", que abrange 45 municípios, analisando os dados 24 horas por dia, todos os dias do ano.

Nuno Santos sublinha contudo, que o estudo tem a limitação de não incluir dados relativos às regiões do interior e do Alentejo. Ainda assim, garante que são cumpridas todas as normas de protecção e respeito pela privacidade dos participantes, que apenas contribuem com uma «autorização expressa e explícita» e uma «garantia de total anonimato».


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