Universidades reabrem em maio, mas com muitas diferenças.

Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, defende a realização de mais aulas, horários adaptados para fugir à hora de ponta dos transportes e a realização de testes serológicos aos estudantes.

Maio está cada vez mais a ser encarado como um mês crucial no levantamento das proibições do estado de emergência e reabertura de vários setores em Portugal, num momento em que a curva de infetados pela pandemia de COVID-19 parece aplanar. É já no próximo mês de maio que estão a ser estudadas várias medidas para que Portugal possa, gradualmente, começar a voltar ao seu funcionamento normal.
As creches, algum comércio local e cabeleireiros devem reabrir, as igrejas voltam a celebrar missas, com novas regras de segurança, e também existe uma intenção do Governo em retomar as aulas presencias do Ensino Superior.
Mas como é que as universidades podem voltar a abrir dentro de poucos dias, ou semanas, garantindo a segurança de alunos e docentes? De acordo com Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, existem várias medidas que podem ser tomadas para que este regresso aconteça dentro de pouco tempo, desde alterar horários de aulas, testar a imunidade dos estudantes e conjugar aulas presenciais com ensino à distância.
No entanto, Manuel Heitor salienta que "as diferentes áreas do ensino superior não têm de se portar exatamente da mesma forma, nem as instituições todas da mesma forma", como referiu numa entrevista dada ao "Observador".

Regresso às universidades: fugir às horas de ponta, blended learning e testar os estudantes
Para evitar riscos acrescidos na deslocação dos estudantes até às universidades, Manuel Heitor sugere que o ensino superior acomode "os horários de forma a que os estudantes não usem os transportes públicos exatamente nas horas de ponta nos principais centros urbanos", salientou na mesma entrevista ao "Observador".
Também para transmitir confiança, o ministro fala da possível realização de "testes serológicos, que nos podem dar informação nova sobre a nossa capacidade de gerar anticorpos e de ficarmos imunes à pandemia".
Para evitar grandes ajuntamentos de alunos, Manuel Heitor sugere a realização de mais aulas durante a noite, ou "até mais tarde". O ministro salienta a capacidade do ensino superior em desdobrar horários, tendo assim uma "flexibilidade de operação que pode e deve ser usada para nós todos aprendermos também a viver perante uma pandemia que não é extinta de um dia para o outro".
O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior sugere também a instauração do blended learning, "uma forma combinada de aprender e ensinar, onde uma parte é à distância, e outra tem de ser necessariamente presencial", um cenário que se pode estender até ao próximo ano letivo. "Os próximos dois meses, maio e junho, serão particularmente importantes para aprendermos a aprender e a ensinar durante todo o próximo ano letivo e, com isso, adquirir novas práticas".
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Na mesma entrevista ao jornal, Manuel Heitor referiu que não vê a contratação de mais professores como estritamente necessário neste regresso às universidades com mais aulas - "acredito que [com] o atual corpo docente é possível fazê-lo" -, mas não descarta totalmente a hipótese. "Penso que não é [necessário], mas, se for, é uma boa oportunidade para se rejuvenescer o corpo docente", salientou.
Os alunos não devem ser penalizados pelas faltas
Em tempos de pandemia, por mais que várias instituições possam estar a estudar o regresso ao seu funcionamento habitual, ainda existe muito medo por parte da população em contrair o novo coronavírus. Assim, e partindo do princípio que as faculdades voltam a abrir, os alunos vão ser penalizados se decidirem não comparecer nas aulas? Manuel Heitor diz que não podem, nem devem.
"A questão da obrigatoriedade no ensino superior tem de ser claramente enfrentada como sempre foi, porque estamos a tratar de adultos. Sempre que fui professor nunca tive faltas ou presenças nas minhas aulas e não vejo a necessidade nenhuma de o impor", disse ao "Observador".
Manuel Heitor também afirmou que, no seu entender, "não há razão nenhuma para se ajustar as propinas", sendo a ativação dos mecanismos de emergência da Ação Social suficiente para ajudar os estudantes. O ministro acredita igualmente que não existe necessidade de criar uma época de exames especial, sugerindo que o semestre termine no final de maio, e salienta a importância de não atrasar o início do próximo ano letivo.